No segundo semestre desse ano, a empresa Tendência Consultoria apresentou dados mostrando como a Mobilidade Social no Brasil deve ser mais lenta nos próximos anos. Essa característica acompanha um fenômeno típico de países com alta desigualdade de renda.

 

A razão disso, segundo o estudo, está relacionada a questões como produtividade e inflação. A mobilidade social é um conceito econômico e um dos melhores indicativos de uma economia saudável a longo prazo.

 

De acordo com o sociólogo Anthony Giddens, mobilidade social é o “deslocamento de indivíduos e grupos entre posições socioeconômicas diferentes”

 

Em outras palavras, é a definição de quanto tempo é necessário que uma pessoa migre economicamente de classe social. A quantidade de pessoas e o tempo que elas levam para realizar isso são variáveis que definem a qualidade da mobilidade. Quanto mais alta, melhor.

 

No nosso país, por exemplo, seriam necessárias nove gerações para que os descendentes de um brasileiro entre os 10% mais pobres atingissem o nível médio de rendimento do país. A estimativa é a mesma para a África do Sul e só perde para a Colômbia, onde o período de ascensão levaria 11 gerações.

 

Mais de um terço daqueles que nascem entre os 20% mais pobres aqui permanece na base da pirâmide, enquanto apenas 7% consegue chegar aos 20% mais ricos. Na média da OCDE, 31% dos filhos que crescem entre 20% mais pobres permanecem nesse grupo e 17% ascendem ao topo da pirâmide.

 

Contudo, alguns programas e atividades sinalizam que é possível uma mudança eficaz é sustentável. É o caso da ABCP, em São Paulo.

 

A associação, em conjunto com a secretaria estadual de Desenvolvimento Social, é responsável pela mudança e acompanhamento de centenas de vidas anualmente, o que se traduz é impulsiona o conceito de mobilidade social no estado.

 

Para o presidente da associação, Dr. Helcio Honda, o diferencial desse trabalho está na personalização de relacionamentos:

 

– os índices que temos hoje são incomuns graças à metodologia e ao nosso pessoal que trata cada acolhido de acordo com suas especificações, de acordo com suas experiências prévias, dores, sonhos, etc.

 

Atualmente, a organização da sociedade civil localizada na Vila Mariana já fez mais de 500 mil atendimentos e, em 12 meses, acompanhou pessoas que estavam em situação de rua ou vulnerabilidade social para a empregabilidade e o aluguel de casas, por exemplo.

 

Hoje, tendo acompanhamento diário de cerca de 40 pessoas, atender até 300 pessoas no centro da cidade e receber cerca de 100 pessoas na sede semanalmente, há quase 100% de empregabilidade em uma das casas onde são recebidos por até 9 meses candidatos comprometidos com a inserção produtiva de suas vidas, e a taxa de sucesso é de mais 80%.

 

Ou seja, oito entre dez pessoas que passam por esse serviço saem das ruas, começam a elevação de escolaridade e alcançam a autonomia profissional, o que mostra uma elevação de mobilidade social na prática.

 

Essa migração, que duraria até gerações, é feita de forma acompanhada em até 18 meses.

 

Esse “elevador social” é o que precisa ser replicado, de acordo com economistas, como Leandro Coelho.

 

– quando falamos de bem estar social, programas com começo, meio e fim, como esse da ABCP, são a prova de que é possível diminuir a miséria e aumentar a produtividade, melhorando a sensação de bem-estar social.

 

A visão da ABCP agora, para os próximos anos, é escalar esse trabalho que vai além do assistencialismo.

 

“Acreditamos que temos um modelo que é a resposta para esse desafio do número de pessoas em situação de rua é empregabilidade que tem aumentado por todo o país” ressalta Dr. Honda.

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